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Arte

10/05/2018

Design celebra Lina Bo Bardi

Mundo do design celebra Lina Bo Bardi no Salone del Mobile de Milão

Maior convenção de design na Europa amplifica o recente boom do prestígio internacional da arquiteta brasileira que desenhou o MASP

El País

Desing de interiores

Acontece nesta semana de 17 a 22 de abril de 2018, em Milão, a 57ª edição do Salone del Mobile, seguramente o mais celebrado evento de design do mundo no setor de mobiliário, decoração e equipamentos de iluminação, com cerca de 2.500 expositores italianos e estrangeiros e a expectativa de atrair mais de 300.000 visitantes.

Vale dizer que um dos principais destaques para o Brasil é uma exposição, dividida em sete mostras distintas e complementares, que traçam um panorama do design brasileiro desde os anos 1940 até os dias atuais, como a Mestres Modernos Brasileiros e a Sergio Rodrigues, que apresentam peças dos consagrados Jorge Zalszupin, Lina Bo Bardi, Oscar Niemeyer e do próprio Sergio Rodrigues.

Aliás, outro grande destaque acontece no centro de pesquisa sobre design e arte Nilufar, há muitos anos um dos mais importantes da Itália, apresenta a exposição Lina Bo Bardi e Giancarlo Palanti – Studio d’Arte Palma 1948 – 1951, resultado da pesquisa feita por Nina Yashars, com a colaboração do Instituto Bardi de São Paulo, sobre o trabalho desses da arquiteta responsável do MASP, a Casa de Vidro ou o Sesc Pompeia junto com Palanti como designers de móveis.

Essa exposição respeita a essência do trabalho de Lina, com a presença do concreto armado, do aço, do vidro e dos tijolos aparentes para construir formas limpas e sem ornamentação e a valorização da cenografia simples dentro de um contexto industrial.

Num olhar mais atento, talvez haja uma contradição (ou não?) nessas duas exposições brasileiras aqui destacadas: enquanto os designers que produziram para a elite endinheirada dividem um único espaço, numa mostra coletiva, Lina, que buscou pensar no uso social dos espaços que projetava, divide o enorme salão, que não poderia ser classificado como popular, apenas com seu “sócio” Palanti, onde ambos reinam soberanos.

Lina Bo Bardi, vale lembrar, nasceu em Roma em 1914, estudou arquitetura e, em 1946, casou-se com o jornalista Pietro Maria Bardi, com quem mudou-se para o Brasil, na tentativa de distanciar-se dos regimes totalitários.

Os Bardi tornaram-se personagens importantes da vida cultural no Brasil, onde Lina reafirmou e atualizou as origens italianas de seu trabalho, voltado à simplificação das formas, à relação entre forma e função, à produção em larga escala, à acessibilidade do design a um número crescente de pessoas e à incorporação dos saberes artesanais do povo às formas de produção industrial.

Radicada em São Paulo e naturalizada brasileira, Lina fundou o Studio d’Arte Palma, juntamente com Giancarlo Palanti, um arquiteto com quem compartilhou suas raízes italianas e racionalistas.Além das obras de arquitetura, algumas das quais referencias mundiais, Lina produziu para o teatro, cinema, artes plásticas, cenografia e desenho de mobiliário. Após sua morte em 1992, o reconhecimento nacional e internacional do seu trabalho foi potencializado pelo Instituto Bardi e os debates por ela propostos permanecem atualíssimos no mundo do design: a valorização da cultura local quanto ao uso dos materiais e dos sistemas produtivos, os conflitos entre regionalização e internacionalização e, sobretudo, a acessibilidade do design a todos.



Esta notícia foi publicada no site El País em 07 de maio de 2018. Todas as informações nela contidas são de responsabilidade da autor.
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